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Santa Maria di Gesú
São Benedito na roda.
Bendito o Benedito
preto
a desviar mantimento
do clero.
Claro que quero,
Benedito,
por baixo do pano,
a polpa da luz
de saciar espírito.
Panela de Benedito.
Olha a pressão!
Tá fervendo.
Pratinelas do meu pandeiro.
Olha a pressão!
Tá fervendo.
O branco, de branco
gritando na beira da tábua:
- Olha o preto! Ouça o preto!
A viela de Benedito,
por onde vai com o pano
de mantimentos.
Olha o branco.
Abre o pano.
Tá roubando, Benedito?
Santo num róba.
Santo de batuque, róda.
A panela assoviando,
o pandeiro repicando
e as palmas brancas
da mão preta de Benedito,
suando.
Benedito abre o pano,
Santo pano, colorido
e, para o espanto dele mesmo
o cozido era florido,
o alimento dos famintos
era queda de flor e rosa
na escada do labirinto.
Salve o mal fazendo o bem,
salve a flor para quem não tem.
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