Contos :
Maycon Jackson - “O porquinho fujão”
Na roda de prosa sai de tudo... e tem coisa que incanta mémo, já otras ispanta.
Essa foi Pulica qui –mincontô; O causo do Porquim fujão.
Uma antiga cunhicida dele qui viveu muntos ano no istrangêro vortô dilá bem isibida, pisano arto - com nariz ribitado cum coisa qui fosse mió qui todo mundo da face da terra.
Quereno aparecê, imitano a moda do povo granfino donde veio arresorveu comprá um leitaozin e pô na culera pa- disfilá nas tardizinha durante as caminhadas - isso, no carçadão inredô da ilha dus Araújo, inguvernadô valadare - on-morava... e ansim feiz. Incumendô o amigo Pulica o tár leitaozin qui tratô de buscá na roça, na casa do pai dele; Do sô Zé.
Ela quinum contô seu praino... O qui pritindia fazê cum essa criaturinha - senão Pulica, munto menos sô Zé qui é sistemático divera num tinha furnicido o animarzin pr’ela; Nem pur-uma dinherama. Ela sabia quêis num inha concordá com tamanha bobajada - pur isso num contô.
Dispois de lisá este porquim bem num luxo dismidido inté ele ficá mansin e manhoso - num belo dia deu n’ele um banhe arrumado - o bicho quiera pritin já tava bem russo ditanto sabonete e iscova no lombo; Limpô as –unha dele, aparô os cabelin saliente do zói, carçô no tonuzelo dele uma canelêra bordada, infeitô ele cum laço de fita e chapérzin, ispirrô prefume dus bão inredó das oreinha d’ele - pois o bichin na culêra e saiu requebrano rua à fora.
O povo qui num tava acustumado cum tamanha bubiçada oiava abismado mais achano ingraçado tamém; Inté qui no trajeto essa muié topô cum amiga... e deu qui tinha chuvido bastante na noite de vréspa - e no incontro das madame, na troca de abraço e beijin daqui e dali a muiézinha discuidô do tár purquim... condo deu pur si o bichin tinha fugido e tava infiado na lama inté no pescoço só cum fucin e zói de fora. A muié com cara de nojenta, invergonhada e sem graça - disiludida mémo num quis nem oiá mais pr’ele - ligô pru Pulica e pidiu ele pa -ir lá buscá o porco sujo, inlamiado de barro... uquêle feiz de imidiato - vortano cum o animale pa –roça, prus cuidado do Sô Zé.
Ao receber o animale, Sô Zé arripiado de ver a misura qui arrumaro com o purquim tentano transformar ele inbichin de istimação teve vontade de sacrificar o trocin logo na chegada, apilidano ele de Maycon Jackson - Maycon Jackson pruquê na transformação tentano fazê o bicho ficá branco, ele quiera inté ageitado ficô mais fêi qui os-otro porco do terrêro; Cumêtava mei-magro arresorveu sortá e isperá pegá ómenos uma arrôba pa –ansin deitá ele na lata - sangrá ele.
Sô Zé pois Maycon Jackson no chiquêro mais us-otro porco istranharo ele e na curriria ê-cunsiguiu passá pur -dibaxo das vara e fugiu pru mato adentro, on-tinha uma otra porcada fuçano. Deu de cara c’uma sucuri. Ele bubiô e a sucuri abraçô ele apertado inté gritar... o grito dele feiz uma porca quitava pur ali de letãozin novo ficá incomodada e ir cunfiri. A sucuri antão istratégica lairgô o purquin, qui fugiu - e juntô essa porcona mandano ela pra dentro. Jantô ela. Sô Zé de longe viu e gritô Pulica: Vem vê Pulica, a sucuri cumeu a porca criadêra - já o miseráve do Maycon Jackson quiela tinha abraçado premêro fugiu... acha ele e sangra - quieu vô prepará a cartuchera pra nóis da fim na sucuri tamém.
Pulica antão saiu c’uma cuaiazinha de lavage na mão chamano Maycon Jackson: côcôcôcô...tchu...tchu...tchu...tchu...tchu; Daí a pôco vem ele rudiano, roncano, inté tremeno o fucin. Pulica isperto, vuô na sua canilinha, jugô ele nuchão e dibruçô o juei prurriba d’ombrin dele - sem delonga chuchô a foia da tramontina nu subaquim dele inté vará nu cabo. Cond’ele sintiu o gorpe e a friage do aço entrano e percorreno fino cortano sua carne e ringino o osso do bracin - ele dismaiô - dismaiô ó fingiu de morto... seilá!
Purquê iscuitô Pulica gritano: ôh mãe traiz a paia pra sapecá quele já morreu.
Nuqui Pulica bambiô o juei e arredô saino pa –panhá as paia, atiar o fogo, e dispelá esse leitão... esse bichin garrô e lenvatô saracutiano e numa carrera doida saiu chispado, fugino traveiz pru mato - pru inhamale. A faca apesá da foia lairga num atingiu o cerne do coraçãozin dele não, vazô dibanda sem atingí o balãozin de sangue. Dessa iscapô. Pulica muntô atrais e incurralô ele... com vontade pulô cum as duas mão na anca dele, na iscaderinha e truvô; Nisso só via o estralo de taboca quebrano - ôh luita pa –sigurá, mais sigurô.
A sucuri qui-tava cabano de devorá a porca assustô cum aranzel e deu uma balangada de rabo pru lado do Pulica e saiu, nisso ele laigô o tunuzelo iscurreguento de lama do leitãozin qui fugiu traveiz; Sô Zé qui tinha as vista ruim vinha vino nu trio ca-ispingarda na mão in -passo lairgo trupicano e gritano: esse leitão tá cum corpo fechado Pulica vai ter qui ser na base da chumbera!
Pulica, bicho macho quinum rifugava topá onça difrente munto menos cobra braba, apruveitano a oportunidade e o fragelo da ocasião - rinitente cá –mão sigura na ponta dum cipó grosso, gritô:
Pó -passá direto papai atrais do “coisa ruim” quele desceu quebrano mato, sartô o corguin dano corcova de parmo e intrô nu taiobale... Vê se acerta o bicho de longe!!!
- A sucuri ta sigura.
Ao abrir o link abaixo ouça também este conto no dialeto Mineirês:
http://www.recantodasletras.com.br/audios/contos/59349
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