“ Caronte, os ígneos olhos revolvendo,
Lhes acenava e a todos recebia:
Remo em punho, as tardias vai batendo.
Como no outono a rama principia
As flores a perder té ser despida,
Dando à terra o que à terra pertencia.”
A Divina Comédia - Inferno - canto iii
E se o paraíso estivesse na minha aspiração, se fosse dado,
por mínimos momentos o poder de abrir portais etéreos,
eu, que já dimanei até diante às portas do Edem sagrado
indagaria quiçá se haverá lugar entre os santos aos deletérios.
Já vi tantas outras vezes jazerem falecidas as esperanças
conquanto já não mais importa a escolha entre a terra e o céu
não traduzem um lugar, apenas palavras, oradas temperanças,
perdidas num templo de divindades ordinárias, mais um labéu.
Deprecada, cicia a alma fracos sons nesta prisão sem a luz solar,
sequer ínfima há uma fresta de janela tal escuro a quebrantar,
nutrido desde priscas eras nas pedras pisadas das intempéries.
Se há de haver um destino traçado quando nascido infausto,
fez-me sem traços alegres olvidado como grilheta no claustro,
condenado a fio cultivar num jardim sem luz sementes estéreis.
[ e.... como todo jardim estéril...
também.......
insano lugar.
pois se é assim....]