Poemas : 

Fome das palavras

 
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Tenho fome das palavras
Mas não delas já escritas
Enquadradas em tercenas benditas

Não! quero-as ainda a ferver
Imaturas, sem ritmo…sem o seu poder
Que as obriga o ato simples de escrever

O peso que tem cada uma delas
Contido em métricas constantes
Emparelhadas ou dissonantes

Apenas embala a minha caneta
Que em sincronismos de cinco dois três
Cria mundos e sonhos de uma só vez

Ás vezes não sei como optar
Se será bom sempre rimar
Ou seria bom por vezes prosar

Mas não sou eu quem mando
Apenas obedeço ao seu comando
Aguardando o seu sinal, ansiando

Escravo voluntário até desfalecer
Cingido ao papel, fadado a escrever
Sem puder parar, ou sem o querer

E os sonetos que agora imagino
Talhados em brocados de ouro fino
Falam novamente delas e eu desatino

Saciei a fome das palavras
Mas não a vontade de escrever
Colocá-las em linhas, o prazer de as ver

O seu andamento galopante
Que ilumina o livro mais errante
Que contextualiza o mais importante

Mas uma questão avassala-me
Nestas cenas dignas de um filme
E com a alma cega pelo ciúme

Questiono o porquê das palavras
Porque as procuro até na solidão
Quem segura e guia agora a minha mão…
Eu não sou não… sou escravo delas, pois então!


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jomadosado
 
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Enviado por Tópico
sommerville
Publicado: 10/12/2013 21:12  Atualizado: 10/12/2013 21:12
Membro de honra
Usuário desde: 21/08/2011
Localidade: Porto, Portugal
Mensagens: 1078
 Re: Fome das palavras
Gostei muito! É isto as palavras - um mundo de infinitas possibilidades; possibilidades
que podem mudar as coisas e conferir novos objectos e destinos"por mares nunca antes navegados."


Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 10/12/2013 21:51  Atualizado: 10/12/2013 21:51
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6573
 Re: Fome das palavras
TAMBÉM TENHO FOME DAS PALAVRAS
MAS, NÃO SEI ESCREVER -
SOU UMA APRENDIZ QUE
SOMENTE SABE FAZER RISCOS
NAS RETICÊNCIAS DA VIDA
DIZENDO QUE É POESIA...


Escrever é a mais doce cura da loucura...
Me entorpeço nas palavras do teu tejo
No pejo de sentir cada uma delas,
Num beijo bordado a fios de ouro
Que nunca foi dado...
No sagrado devaneio me entrego...
Nas partículas do ar que respiro...
Sem trilho, sem prumo, sem rumo,
Na orfandade da cidadela de meus olhos
Que veste-me com tuas palavras
Não escritas ou faladas...
Parte de mim que ir,
Outra metade quer ficar
Na contida razão,
No transbordar da emoção
Do sentir n'alma o desejo
De escrever um corpo-poema...
Diagramado pela vertente
Das veias cardíacas
Que inundam pensamentos
De sílabas diáfanas
Palavras que não descritas
Que na mente habitam...
Vivificadas nas reticências
Incontidas na decência de uma vida
Que dissipam somente palavras
Embriagadas pela sede
De um beber literário...
E na fome degustada e não saciada
Escarpadas no rochedo do meu ser
Sem versos sou um deserto de sal...
Pura necessidade de ler e deliciar
O melhor dos versos
Simplesmente tudo...
Escrever é pegar o sol com a mão
E fazer transbordar a emoção
Contida no coração.

Ray Nascimento

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