Era como se eu, ali
nem estivesse presente!
Porém sentia, que a cabeça
estava solenemente ausente.
O ruído era tal, que confesso:
nem sei como conversavam
tantas pessoas espalhadas
no amplo salão decorado.
Um garçom suado apressou-se
em oferecer algo! Queria apenas
água com gás, mas só tinha café,
cerveja, refrigerante e espumante
Me dirigi até a sacada
e pude divisar ao longe
o verde vale, e preguiçoso
um sol que adormecia.
Foi então, que resolvi apreciar
a paisagem, e sentar-me
em um velho banco de tábuas
de madeira de lei rústica.
Lá fiquei, distraído acabei
por tirar inevitável soneca
e não foi da cerveja
talvez um sono remido.
E quando me dei conta
me chamavam, pois
era chegada a hora
De cantar os parabéns.
Me dirigi novamente
para o barulhento salão
- Algo contrariado - e descobri
Porque havia sido convidado.
Alguém se lembrara
do quanto eu detestava
datas de aniversário,
A festa era para mim.
Acreditem, depois de tudo,
Queriam que eu apagasse
aquelas dezenas de velas
como se fosse longa novena.
Ao sair, após providencial carona,
Ainda digerindo pirose no caminho,
Efeito dos petiscos além da conta
e pior, sem os meus velhos sais.
Fui então, refletindo o quanto
estes fortuitos encontros
são gratificantes e saudáveis
para o espírito humano.
Ao chegar a meu destino,
Me despedi dos amigos,
Tirei o paletó de linho branco
e deixei sob a lápide.
AjAraujo, o poeta humanista, escrito em 9-dez-13.