Meu Deus não tem religião.
É uma janela aberta a todas as raças,
Credos e nações.
Meu Deus não é só meu,
É do outro também.
Tem nome diversos
Em bocas de mesmo hálito humano.
Ao mesmo tempo que sorri nos teus lábios,
Chora alhures em outras janelas da alma,
Pois Deus é alma e janela de si mesmo.
Habita o seio da mata virgem,
Pois é mata virgem.
Chove e absorve— se,
Venta e farfalha—se,
Sofre e conforta—se.
É o Deus do mínimo e do máximo,
Do muito e do pouco,
Do certo e do errado.
Meu Deus está em teus olhos
E lê a si mesmo nas linhas traçadas.
Agrada—se ou não.
Desfaz— se em bem e mal
Nas comas do teu livre— arbítrio.
E bem ou mal...
Nunca deixa de ser Deus.
Frederico Salvo