O mar respira sempre,
depois de nós,
em espasmos de tempos lunares.
Respira,
e em cada expiração
nos vai devolvendo à praia, depois do sonho.
Inspira,
a cada asa de gaivota
que nos transporta
à solidão
outra vez.
Depois...
há uma força extrínseca que o retrai,
que o atrai ao longe,
que o reanima sempre,
em distensões de ondas circuncêntricas
além do arrepio de pele fria
ao sal diluído da memória.
O mar respira sempre, não te iludas.
Regressa (sempre)
ao limbo quente da fundura
nas vozes longilíneas das sereias.
E a senoide pura do seu amplexo,
(que foi nosso)
se vai diluindo, ao largo, ao longo
do nosso próprio corpo abandonado.
O mar sobrevive sempre.
Não olhes para trás,
não julgues que é sangue a cor que vês
no golpe incendiário que o sol deixa
no seu dorso
depois do adeus.
Deixa-o partir,
ergue-te das areias,
parte-te da estátua que te quer presa dulcificada
sob o sal que te cobre o corpo em dor.
E respira:
não olhes para trás,
esquece o mar.
(mas nunca, nunca esqueças:
75% de ti própria
serão para sempre águas suas,
que irão contigo,
onde e por onde quer que vás...)
Teresa Teixeira