Pecado cometeu por querer quando não podia, por amar quando não queria, por crer que querer seria apenas alento para suas singelas utopias.
De quão valia a paixão, quando a morena índia cantava, e os íncolas entoavam-na como que com a repercussão entrelaçar-se-iam a um misero fragmento, que dela seria.
Pecado cometeu por crer que uma lança, arqueada no mais profundo de seu cerne, com o mais impetuoso toque, enfeitiçaria, volveria escrava do gentil atípico.
Pecado, dito pecado, por ser um ser mal amado, dotado de dotes centrados, sem o principal, entrega.
E pecou por crer que a alma de luz encarregaria de aclarar o que de ti era dever, subestimou-a ao prazer do nada e enrijeceu-a como pedra.
Impediu o céu estrelar-se, absteve a lua de iluminar.
Pecado cometeu em conversar com o sismo de teu ser ao tentar um ombro desejado.
''Torço do esboço que o caboclo não executou
Canto da morena moça que ele não conquistou
Jogo proibido que o cacique destemido manipulou
E de encanto matutino, de tanto zelo, nem um som restou...''
Pairou a loucura dos versos, os tenores inquietos que a tua alma ainda esbarra.
Foi-se o céu, partiu o sol, afastou-se a terra, restou o pecado, esboço de um pobre ser mal amado.