Rumo em silêncios recortados, intermitentes
rumores vagos, som reflexo, ausências insinuadas.
Ciência exacta, aplicadas matemáticas sem lúdicos brincares,
aturado génio, vacuidades em insonoros actos,
arautos amarelos notícia calada,
Negra.
Em asfixia amnésica palavra azul
círculo cromático , circulo em breu perdido,
em afonias padecente,
palavra quase nascida, indizível, câmara escura,
revelação adiada da boca interdita,
a boca de dentes cerrados dilacerantes
a palavra na boca, silêncios.
O tempo mudo mede na areia
a espera ansiada do leve murmúrio, sílica cristal
reflector solar, contador dos tempos
sem voz, os tempos ainda por anunciar, inomináveis
e insonoros,
tímpanos estoirando, clepsidra, tempo atómico medida.
grão a grão de todas praias
a palavra urgente, revelação.
A espera!
Na demora da palavra por nascer
os sons primordiais, o cérebro tecendo
preciosa filigrana dourada sol,
a boca ansiando o sinal,
áureos elos unindo binómios,
a boca refém da cerebral vontade
voz suspensa em demorados lábios
ouvidos ensurdecendo, na improvável dádiva,
enlouquecendo, minguantes,
nas ganas do providencial acústico alimento.
De fora de nós, do supremo dos seres
descendente ela virá, inicial percursora
em sons transmutada,
eminentemente bela
necessariamente única
significante absoluta de todas as babilónias,
na boca os lábios a palavra.
Trindade.
A voz éter propagação,
fonética livre revelada,
plena de todos os espaços
e de todas as medidas do tempo
feita instantânea e única permissão.
Momento feérico no caminho do silêncio,
dos lugares dos tempos obscuros,
em caminho do espaço infinito,
feito de telepáticas comunicações.
E deixamos os sons duramente conquistados
partimos livres, rumo a sublimes silêncios
feitos de visuais entendimentos e emoções,
Almejada paz celestial por fim detida,
em nós por dentro de nós,
incorpórea essência dos céus
humanas ambições aplacadas
constantes, intranquilas buscas,
incondicionais e físicos anseios
o ter e já nada desejar
insanável contradição humana.
Silêncios melódicos consonantes?
Percepção comunicação telepática?
A voz persiste feita inaudível, edificado som
na arquitectura divina dos vazios siderais.