Porque estaria a morte parada, estatica,
gelada entre as portas do meu quarto?!...
Serena, doce e calma ...
Braços esticados junto ao corpo sinuoso ...
Que esperanças eram suas nesse instante?!
Naquela fria-madrugada!
Recioso, ainda assim adormeci!
Mas num repentino despertar, vi-a debruçada
sobre o corpo de minha Avó ...
Afagava-lhe o rosto, penteava-lhe os cabelos.
E Ela, Ela era adormecida ...
Terror! Loucura! Desespero! ...
Dor! Espuma! Espanto! ...
Regelou-se-me a Alma no peito,
parou-se-me o Sangue nas veias ...
... tanto frio que senti naquele instante!
Seria aquela hora, a derradeira hora do adeus?!!
E a morte, tocando em minha Avó,
olhou, fixou-me o Coração
e disse que NÃO!!!
"- Ainda não! Mas em breve, muito breve,
os olhos de tua Avó se fecharão ...
Breve, tão breve quanto o toque
da minha mão ..."
E retirou-se, impávida e serena ...
Adormeci então rezando:
- Senhor, Senhor,será que ante a morte nossa História terá sido em vão?!...
"- NÃO!" Disse Deus ...
Então Avó, perdão, perdão se nada nesse instante
por nós puder fazer, perdão ...
Mas guarda, hoje e sempre, em teu Coração,
que ante a morte, o nosso Amor,
jamais terá sido vão ...
Ricardo Louro
em Évora
- durante a madrugada -
Ricardo Maria Louro