Queria ser flor, ser imponente
Aquela que sem cor era indiferente
Queria crescer para tudo conhecer
Mas nem plantada estava, o que fazer
Até que dela se compadeceram
E com jeitinho no solo a esconderam
Aguando depois todo o seu regaço
Com aquele néctar que corroí até o aço
Depois, apenas dúvidas existenciais
Algumas verdades falsas e mentiras reais
Saber como crescer, onde (re)florescer
Não somente apenas o alimento comer
E a parábola criou-se então
Fruto de uma semente na mão
Plantamos e toda a vida regamos
A semente que mais amamos
Damos por ela horas, fios de vida
Protegemos e sempre damos guarida
Esperando que cresça saudável
Torne-se gentil, honesto e afável
Mas a semente se demais aguada
Amolece, apodrecendo estragada
E depois não será mais imponente
Será apenas cápsula vazia, ausente
E se a semente é filha de outras iguais
E se a nossa semente nos chama Pais
A outra cresce no solo desapoiada
A nossa vive sempre acompanhada
A outra tem de lutar para crescer
Sem ter por perto quem a proteger
A nossa semente tem excelsa sorte
De ter quem com ela se importe
Mas numa coisa reside a verdade
Que torna a parábola realidade
Depois de crescerem são imponentes
Sejam boas ou más ou apenas diferentes
Por isso ao plantar a semente
Fruto de flores e amor de gente
Temos de ter uma visão profunda
A paciência que nunca abunda
A simplicidade de errar mas reparar
Para poder aos outros ensinar
Cuidado ao aguarmos a relação
Tento ao cedermos do nosso pão
Não queremos com isto dizer
Que logo os iremos perder
São as parábolas de uma semente
Que persiste de forma indigente
Viva ansiando por em breve nascer
Olhando calada para onde iria viver