Mais um dia de domingo. E como em todo, este dia sagrado vem sempre acompanhado de um bom jornal. Abre-se a folha, aquele cheiro de papel reciclado vem vaporosamente às narinas e folheia-se muitas notícias, próprias da civilização. Mas para falar a verdade, a parte que mais me encanta é as de crônicas. Sempre volto meus olhos para lá, na fútil tentativa de achar algum texto que compartilhe as mesmas angústias que eu. Nada. Apenas mais um bom texto, mas que novamente não me identifiquei. Mais abaixo estava a seção de quadrinhos e do horóscopo. Consegui algumas tímidas risadas em meio aos cartoons, mas hoje aquele horóscopo me clamava para ser lido. Consciente de que sempre fora pura bobagem, escrito ao acaso, e que qualquer homem que se preze, possuidor da razão não deve lê-lo; acabei lendo. Li sobre meu signo, o de peixes: "Amor: Há um ditado antigo que diz que, quando a sorte é muita, santo desconfia. Pois a maré agora é de sorte e é seu dever curti-la do começo ao fim." Dessa vez me surpreendi de tal modo que cheguei à conclusão: Bela bobagem! Como sempre, estive certo, não passava de mais uma idiotice. Desde quando terei sorte neste maldito amor? Essas duas palavras são tão antagônicas, que juntas, eliminam a existência de ambas! Veja só, perdi meu tempo mais uma vez. Pode ser que nem tanto, ao menos me fizera ter uma risada tão escandalosa que denunciou o mais íntimo sofrimento. Mas será que estas previsões funcionaram para alguém? Talvez eu seja só mais um peixe fora d'água.