Eu devo ter algum problema.
Um defeito de fabrica...
Um erro de digitação...
Um gaguejar na boca que fala...
Um pedido que recebe um não...
As pessoas desistem de mim.
Desaparecem, sem nem mesmo me darem uma chance.
Isso esfria meu corpo. Congela minha alma.
No meu peito a mesma pedra de antes.
A vela se apaga.
Um silêncio se instala.
Daí a solidão.
E não é da beleza que fogem.
Não é da conversa, do carinho, da atenção.
Correm de mim. Escapam de meus dedos.
Uma lufada de medo. Todos. Fogem-me.
Meu maior temor. A solidão que vem com o fim.
Uma juventude solitária é luxuria. É interesse.
Bons livros. Música. Um balançar de folhas.
Palavras de um poeta. Inspiração com o tempo.
Tardes quietas. Uma timidez. Um prazer pela a água.
E óculos, ou não. Uma paixão, ou duas.
Uma velhice solitária, é desejo, é querer.
Alguém para conversar. Escutar.
Um baú de lembranças que espera ser vasculhado.
Pego-me esperando. Sentada, pois sei que não virá.
Sou abandonada sem nem mesmo começar.
Tiram-me a fé. Robão-me o que tanto quero.
Apenas um amigo.