Chega enfim o tempo da escrita,
Forçada, por ausência de emoção.
E mesmo sendo a palavra bonita
É logo tomada como palavrão.
Abano os neurônios em discussão
Em busca daquela treta dita
Ou pensada em estado de ebulição.
Mas sem sinal da pobre maldita.
Falta o esforço
Ou foi perdido o dom?
Se é que dom existia...
Ou já não dorme em meu dorso
Ou não entendo este tom.
Nem amor, nem liberdade, nem som.
Só uma rarefeita azia
Moendo um coração que temia
Perder prá lógica a razão.
Insistiria,
Se todo ou qualquer discurso
Não parecesse palavrão...
Sinto-me como um urso
Que hiberna nos tempos mais frios.
Preciso de um novo curso,
De navegar em novos rios.
Farto de flores mortas
E de recantos sombrios,
Terei de abrir quantas portas?
De desvendar quantos mistérios?
Só queria ter uma peça,
Que a cada singular leitura
Fizesse uma lágrima escorregar.
Mas só escrevo merda dura
Que a ninguém interessa,
E não paro de me lamentar.
Promessa, promessa que se perdeu.
Treta, mais treta...
E depressa noto no céu
O rasto de um fugitivo cometa
Que outrora fora meu.
Poeta, poeta, o que aconteceu.
A poesia, mais uma vez, morreu.
"Even though i walk through the valley of the shadow of death, i will fear no evil..."