Ainda há um barco no mar!
De madrugada, de dia
Há tarde, e há noite,
E às vezes até de manhã,
Ainda nos primeiros raios que sol trás…
E agora algures no meio de toda aquela água;
Ainda há um barco no mar!
Haverá sempre um barco no mar!
Algures nas trépidas águas de um oceano qualquer,
Há um barco que se chama Esperança;
E a que nem a morte
Que tarda mas avança,
Consegue chegar.
Esse barco que é movido a braço,
Pelo velho demente e pelo novo sedente;
Que lado a lado, são a mesma pessoa.
Enquanto houver a bússola de vidro baço
De ponteiros em riste para os guiar
Enquanto houver essa vontade de navegar
Haverá sempre um barco no mar!
Está ali um barco no mar…
E por ti que ele procura!
E por ela,
Por ele e pelo outro ainda,
Que ainda nem sequer existe.
Porque no barco:
Vais tu, vai ele e vai ela e ainda aquele outro,
Aquele tolo que disse não à esperança,
Mas que a aconchegou nos ombros por entre orações…
Há um barco no mar,
Que navega de tábuas desfeitas
E ninguém sabe como.
É um barco muito pequeno onde cabem poucas pessoas,
Mas nunca vai lá ninguém.
Ninguém quer navegar nele!
Porque ninguém sabe para onde ele vai;
E às vezes nem sabem de onde ele veio...
Acho que todos temos medo dessa incerteza;
Mas todos temos uma certeza absoluta e infindável:
Há no mar um pequeno barco chamado Esperança
Que navega sempre contra a corrente!
E às vezes alguém apanha boleia,
E navega nas bóias que nem sequer tem corda para se prender ao barco.
Mas navegam,
E acreditam irrevogavelmente que sim
Mas alguém tem que acreditar e rumar contra a corrente,
Para que possa dizer aos outros:
“Ainda há no mar,
Um barco que se chama Esperança!”