Mais uma noite sem lua cheia. Uma noite mais, nublada e fria. A lua teima em não vir. Emigrarei para o lado de lá do planeta, se preciso for, em busca da lua perdida. Que dia me pode esperar amanhã, depois de noite sem lua? Nublado e frio outonal, com certeza. O que vale é que é sábado e posso dormir até mais tarde. Não verei certamente o nascer do dia nublado. Também que beleza pode ter o nascer de um dia mais, nublado? A beleza de um dia nublado e de frio outonal é ficar na cama enrolado no meio de cobertores e com a companhia certa. Mas quem será a companhia certa para um dia nublado debaixo dos cobertores? Alguém solarengo, seguramente o mais indicado. Também poderei partir em busca de novos mercados de pessoas solarengas. Os países ricos da Europa não têm muitos dias solarengos mas acredito que as pessoas mais solarengas residem aí? O sol quando nasce de facto não é para todos, como alguém já disse um dia. E os que nos governam estão fartos de colocar nuvens nos nossos dias. E ainda atiram “Vão procurem países mais solarengos, enquanto nós cá ficamos a roubar à descarada os pacóvios e velhos que cá ficam, tornando os seus dias cada vez mais nublados”. Revolta-me e indigna-me a influência dos governos que se sucedem no estado do tempo, são piores que qualquer superfície frontal.