Hoje eu quero ser prenda,
ser levada,
molhada de chuva,
dançar em roda de viola,
ser pega, capturada,
me perder pela madrugada.
Hoje eu quero ser lavada,
encharcada de tequila,
amordaçada como bandida,
desaforada, abatida,
amada por aventureiros.
Hoje eu quero ser surrada,
desarrumada dos pés a cabeça
contar toda verdade,
explicar os desenhos
das minhas tatuagens.
Deixar à mostra
a cara sem maquiagem,
a cor vermelha da calcinha,
os anéis que me deram
(sem eu merecer)
e escorrer no suor um amor
que ainda teima em doer.
Não sei o que sou,
só sei que não sou
o que eu sei…
que me nega.
Nunca pensei ser
coisa que anda,
nem coisa que geme,
que me cega.
Já pensei ser,
as causas do caminho
eu que sou estradas,
que se perdem.
Habito à tarde,
a mente me leva,
ma...