Grassando maldição aos que vagam por indóceis Oceanos,
do Holandês intrépido, engastado e gélido, jaz o galeão.
Zarpou singrando mares, apondo castigos sevos inumanos,
quedou-se ao berço do afoito nauta, longínquo Amsterdão.
Da Boa Esperança o cabo, a teimosia superava toda razão,
dobrá-lo ao olhar de Adamastor maior intento se tornou.
Ao êxito, de sórdidos subterfúgios, não relutou lançar mão,
na partida de dados viciados até a pose Satanás titubeou.
Insistência tanta foi, pagando desatino com vidas da marujada,
atrair Incautos à funesto fadário, cumprir aleivosia malsinada,
restou condenado pelos sete mares vagar dilapidado e delirante.
Fata Morgana arrogada, reflexos da ilusão, quiçá até padecente,
arrepia os ânimos o Holandês Voador das procelas exsurgente;
até o final dos tempos, contra os ventos ali velejando errante!