Um assovio entrecorta a balbúrdia do metrô subterrâneo
É melodia de jazz ou samba improvavelmente pergunta-se qualquer sonolento
Há uma liberdade intocada lá fora
Lá fora em algum lugar da minha coragem
A noite abraça o vitral de aço escovado
Uma tranquilidade silenciosa embala o sono desprezado dos desprovidos
Exclamam despertares os relógios do escrutínio covarde
E um assovio entrecorta a orquestra funesta dos escravizados...
Limitado pelo tempo e espaço?
Aprisionado a um corpo?
Sinto-me agraciado pelo tempo e espaço!
Abençoado por este mesmo corpo!
Pensōes alimentícias e decoros parlamentares tangem bordas à loucura
E a musa cadente afogada em múltiplos orgasmos.
Há beleza no funeral da descrença
Sonhos enterrados germinam begônias dum supremo amanhã
O pó de ilusōes cremadas nutre o fascínio bailarino
Deus toma a palavra ao poeta
Poeta esperto que se cala resumindo ao olfato a arte
Cultivai e colhei!
Dai de beber aos sedentos!
Perdoai vossas próprias mágoas
Vossas próprias indisposições.
Alimentai-vos do pão que o Salvador fermentou.
Libertai-vos dos vícios e contemplai um lar imaculado
Um lar em cujo piso migalhas caem e se mantêm comestíveis.
A concórdia está próxima
A um passo reto de distância.
O passo reto está próximo
A um instante honesto de distância
A paz ardente é sua direção.
Alika Finotti