A andar pela noite
encontro, tantos pedaços do dia!
Os sons da madrugada, são hinos dentro de mim
nas folhagens maduras, onde tudo perdura!
Nas fissuras da areia
onde as cheias mãos vazias
acordam o sangue, nos pulsos paridos no deserto
sussurro cinzas, com os joelhos a rodearem o chão...
Como um barco que navega
inspirado pelo tempo, e atraca sempre, com o beijo do anoitecer!
Cândidas bocas que ardem, nas auroras vibrantes!
O tempo ganha alma, aconchegado num cais
sem farol, onde demoro a noite, com a fome
a trespassar a exultação diurna...
As mãos esquecem-se, voltam à luz da rua,
a guardar o fogo de andar, perdidamente pela noite
a reconstruir enseadas, num mapa sem data!
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...