Prosas Poéticas : 

O CENTAURO e a RAZÃO COMOVIDA

 
Ficava em um delicioso jardim de frutas ávidas como o cristalino das águas apressadas, o centauro perdido da razão comovida.
Dirá você que o centauro e demais seres mitológicos corajosamente negaram a própria existência nos atos que encerram a aliança entre o sonho e a realidade, denominados Revolução dos Dogmas Clonados, e que se o centauro não deseja existir é um atentado contra a democracia crê-lo.
Concordo. Porém devo admitir que a democracia é um estorvo nas questões práticas, colocando a genialidade sempre a mercê do medíocre, já que é a democracia uma operação matemática.
Por acaso um fato é menos crível só por ter o vagabundo como testemunha? Quantas vezes mente o douto nos decretos e nas sentenças oficiais? Aliás, necessário e urgente torna-se uma investigação sobre a mentira, cuja mecânica detém sofisticação e colorido dignos de uma disciplina artística ou teológica.
Não pretendo me alongar, diz a sabedoria popular que o inferno é ausente da brevidade, mas perdido nas narrativas o viajante sente o cheiro das bestas aproximar-se a medida que as vírgulas se avolumam, quero apenas lembrar: a existência é uma concessão racional.


[size=medium]Eriko y Alvym[/size]

 
Autor
ERIKO ALVYM
 
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