Ardem-me nos olhos
as palavras que me chamam
entram castas na alma...
Relâmpagos da paisagem
nos movimentos da natureza
vestida de gestos humanos...
Confesso
as palavras são um vício
que me consome o espírito
inconscientemente...
Não as domino!
Os pulsos fraquejam
no poder emanado delas
arrebatam-me por inteiro!
Revisito-as algumas vezes
e dentro das veias
que pulsam no centro do peito
no meu silêncio
questiono
em gritos sem som
tão meus!
Loucas e roucas palavras
estas
onde me demoro
...elas para nada servem!
Pobre olhar amarrotado
que nelas já nada encontra!
E pecadora me confesso
por não dominar
este complexo vício
de ocas poesias
...palavras gastas
onde a mácula é magoa.
Apago as palavras...
Acendo um cigarro
inspiro o fumo
estremeço o pensamento.
Ondula em mim um tempo distante
procuro...procuro
sentidos nas palavras
não lhes encontro nada!
Só o pecado
de as amar intensamente
com o vício de as libertar.
Apago o cigarro...
Quando a lucidez volta
reconheço
que as minhas palavras
são um imenso nada
que me consome os ossos
na alma em paz!
Rasgo a mentira dentro do espelho
e esqueço as palavras
às quais chamo poesia...
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...