Amanhece o dia,
e eu me esqueço de coisas fundamentais;
por exemplo, perco-me do sentido
daquilo a que denominam poesia...
se é que algum dia eu sensacionei
a vibração profunda desse sentido!
Mas ao entardecer, quando me bate
aquela vontade de sentar-me
ao pé de um fogo lento,
volto a respirar o sentido da poesia.
E assim, nas ondas desses ciclos,
vou me perdendo e me achando —
escrevo com o mistério da minha vida
aquilo que me escapa sempre,
aquilo a que alguns chamam de poesia!
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[Desterro, 25 de outubro de 2013]