Qualquer um é Qualquer um mesmo;
tanto faz se existe ou não,
se passa na rua ou se não passa,
se fala ou se nunca tem palavras,
se tropeça, cai, e ainda assim, sorri.
Qualquer um é um tal que tem pouca
ou nenhuma capacidade de incomodar.
Qualquer um é um tal que não faz falta,
é um que jamais consegue encantar.
E no entanto, se eu me ponho a pensar,
tudo que eu mais quero é escrever
um poema assim, tão fácil, tão vulgar
que até um Qualquer um o escreve!
Ah, mas eu tenho vivido... portanto,
eu tenho escrito com a minha vida
o poema de um Qualquer um;
mais, eu não posso querer!
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[Desterro, 23 de outubro de 2013]