Uma dose de cachaça com lambari
Com carqueja, imburana ou jatobá
Forno de barro, cabrito assado
Um ancião, um cigano, um circo, uma tourada
Uma fábrica de tecido, uma fábrica de enxada
Um matadouro abandonado e uma escola fechada,
Coisas de criança, coisas de crianças
Um horizonte apertado de pouca cor e muita fé
Assiste a gente passar por essa galeria de fotos e corpos
Seus olhos me zelam como fosse um altar
Olhar questionador de quem ouve ruídos, de quem sabe amar
De quem sabe cuidar como se cuida de um violino ou de um menino
De quem sente a cidade e a idade passarem de lado
Coisas de criança, coisas de crianças
A vida são fotos de rostos maiores, pessoas invisíveis
Um padre, um delegado, apressados, todos apressados
Um mecânico, um maníaco, emprestados
Todos os amores sãos lindos, precisamos sim
Somos sim, precisamos sim, assim
Procurando o sentido, procurando alguém
Coisas de criança, coisas de crianças
José Veríssimo