Qual era a cor do líquido que pintava a calçada?
Seria ele tão vermelho quanto o batom que os lábios dela coloria?
E a dor que sentia a alma da pobre mãe, que cor tinha?
Era a segunda vez que chorava pelo menino que agora eternamente adormecia.
A primeira lágrima fez do menino conseqüência da causa
E somente ela sabe o quanto chorou
A segunda lágrima, fez da mulher uma mãe sem alma
E todos sabem que essa não será a ultima lágrima a derramar
Seu pranto ainda será derramado
Repetidas e repetidas vezes
Até que esse coração, agora inundado
Consiga curar a dor incurável.
Sem camisa de futebol para lavar aos sábados
Sem chocolate quente para preparar na matina
Sem palmadas e castigos
Sem visitas aos amigos
Sem febre para curar
Sem abraços repentinos
E carícias do menino
Não haveria nem mais boletim para assinar
E ela se lembrou da ultima briga que tivera com o filho
Ela o colocou de castigo
E ele resmungou
“ quando eu ficar mais velho e você voltar a ser criança, farei igualzinho”
E ela ria por dentro da inocente ameaça
Agora havia acontecido o que a mãe não esperava
Estava tendo o seu pior castigo, ao invés da presença do menino, saudade.
Apenas uma xícara na mesa
Apenas uma tigela de sobremesa
E apenas o seu choro a ecoar na madrugada
Alguns minutos já haviam passado
E muitos ainda passarão
Mais essa cena ficará no passado
Apenas mais um relato de um lugar qualquer
E isso acontecerá muitas e muitas outras vezes
Porque não é um caso inédito
Mães com mãos de sangue. Sangue de filhos.
Logo a cena se repetirá
É só esperar as balas e a violência subirem o morro.
16-05-2013
Bem, é minha primeira postagem aqui, não tenho muito tempo por causa da faculdade, mas espero que gostem.