Balde içado por corda podre
alcança o beiral da cisterna,
adorna coluna entalhada de correntes,
exibindo porções de acre pescado
aromatizando todo o ambiente
onde se discute o teorema de Pitágoras.
Seguidas discussões sobre leilões
afastam as crianças do playground,
demonstrando sagacidade incomum;
bem sabem que desde o raiar do dia
espíritos malignos escondem-se nas ruínas
tão vis, fugindo das pessoas que cantam.
A canção que canta a mulher santa,
certeza que já a ouvimos nos teatros;
sequer seria cantada em escolas
por maestro aleijado com casaca rota.
A outra, qual aio de libré desgastada,
mesmo com uma estrela na fronte,
sente falta do barrete frígio atolado
nos fragmentos raros de pensamentos.
Acompanhando as rodas de carro alado,
na verdade ele foi o primeiro da classe,
bem apesar de ser coxo de uma perna,
sempre foi amado pela mestra de matemática.
A adoração nem sempre segue regras;
era miúda ruiva com sardas no pescoço,
mas quente como cio de motor possante
de porsche envenenado em seis cilindros.
Pelo ar, pelas garras de um leão picego,
chagaram as novas, logo como zumbidos,
além de pensamentos parados absortos,
estavam perdidos na decoração festiva,
tantas luzes de mais um dia dos mortos.
Mas ainda há sol sobre o túmulo, brilham
refletindo a alva luz pedras preciosas,
joias engastadas em crânio de marfim.
Saldando canto profano entoando piano,
argênteo manto de derramado pranto,
pungente encanto, sequer causou espanto.
Não perguntaram, mas pretendo ser ouvido
dar a resposta: - conheço assim as pessoas,
que usam roupas de grife e não são boas.