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DESAFIO

 
DESAFIO

Quem nos chame “poeta”, com sarcasmo,
Venha até nós; aceite o desafio!
Não consegue vexar o entusiasmo
Que, sem vaidade, até chamamos brio!...

O fazer versos não é só rimar,
Lançando, ao deus-dará, frases à toa!
A poesia é rir, chorar, brincar,
Um desabafo de qualquer pessoa.

É aceitar as criticas alheias,
Ficando na gaveta o que se cria.
Deixando bem expressas as ideias,
E nelas descrever o dia a dia!

É fazer do papel um confidente
Que, embora mudo, não nos abandona!
Caminhar, triste, alheio e até contente,
Na vida, transformada em maratona…

Às vezes também chega a ser revolta,
Quando nos vence a força, a sem-razão!
Eis que o furor virou cavalo à solta,
Em que ninguém consegue já ter mão!

Engenho nada tem com a riqueza.
Esta tudo subjuga; aquele, não.
Nem sempre há quem resista à incerteza
De poder subsistir à frustração!

Pode um poeta ser até brutal,
Ao descrever o clima em que se encerra!
Achará, quem o ler, bem natural,
Quem não transmita a paz forçado à guerra!

Era, se tal fizesse, um aldrabão,
Cúmplice de impostura vil, atroz!
Se quer vencer, lambendo, embora, o chão,
Morra, fazendo ouvir a sua voz!

Deixe à posteridade, amor, ternura,
Chamando por justiça, mesmo em vão!
Trocem de tais palavras de loucura
Que os actos dos vencidos, vencerão!

 
Autor
FRANCISCO QUARTA
 
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