No verão brilhou como noites de luzes acesas,
assustando os pegos a dormirem nos fios,
quando surgiu o arco Iris
havia querosene nos postes telegráficos
enfeitados por bolhas de glicerina.
Bem sei que não passaria mais um inverno
sem que o óleo ficasse sob a chuva
enquanto os cães rastejavam
através das vigas engastadas
nos andaimes das casas de taipa.
Bolhas de chuva e sabão
deixaram as ruas escorregadias
para os trilhos do bonde elétrico
perfilados nos paralelepípedos
recendiam mica e feldspato
Mendigos habitantes de viadutos
não farejaram o perigo na cor preta
o estigma do escarlate
Prosseguiam as baladas nas noites quentes
em pitorescos andaimes assentadas
visando os riscos de nanquim
perspicazes atirados nos cestos
sabendo óleo diesel emplastado
em tamancos duplos dourados
Sobre a ponte passava uma motoniveladora
mas não conseguia aquecer suas mãos tão frias
nem mais perecíamos um casal apaixonado.
estávamos esquecendo as palavras de amor
ditas nas noites quentes sob as marquises
festejando o dia de ação de graças
presenteando uma caneta Montblanc de ouro
pendurada na cauda de um cachorro quente
Foi deprimente o que se viu no brilho no céu
quando a lua enjoada vomitou
todo o peixe ensopado que não digeriu.