O macho
O macho parecia (era) um bicho-do-mato
Caçador em alcateia ou matilha,
Com inimigos de porte e fato:
A selvajaria era uma pandilha.
Eram solidários,
Puros de coração e acção,
Pouco solitários,
Mas poucos, uma nação…
De osso ou moca em punho era imortal,
Devido à força de urso,
Era como se fosse um punhal
Do tamanho água de um curso…
Um contra um, era um combate de vale tudo,
Até comer os olhos!
Este gang quase mudo
Não andava por aí aos molhos…
Fora a natureza que fizera a selecção
E cada um era pouco cordato;
Menos com cabeça mais com o coração
Era o equivalente a uma faca de mato!
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.