Este fado que me leva por caminhos inventados
E que faz da minha existência um fadário,
Umas vezes pelo encanto da poesia,
Outras por alguma desilusão tardia,
Vou cantando este fado da minha vida,
Desejando que as amarguras se ausentem
E me tragam novas brisas de alento
Que só as primaveras coloridas consentem!
Ah...Fado, quando triste, fazes a guitarra chorar
Lamentas a tua sorte, ainda que a cantar!
Nunca te deixes esmorecer pelos desencantos
Que a vida te traz, sem os pedires,
Aconchega-te no trinar das cordas da viola,
Embala-te nos acordes melodiosos da guitarra,
Solta a dor ou alegria dos teus sentires,
Mas jamais deixes de cantar com garra,
Ainda que te chamem vadio e gabarola!
Canta fadista, canta o fado com sentimento,
Da tua voz ecoará o belo poema cantado,
Solta da tua garganta a dor e o tormento
Ou a paixão do amor, por ti imaginado.
José Carlos Moutinho.