Será que és feliz...
Agora que nossas palavras se tornaram ocas e findou-se o ser, pergunto:
Mas assim, o amor se tornou vão?
De certo que jamais responderá
Quando a noite debruças o teu rosto sobre o lençol
As palavras não chegam e o silêncio se faz canção
Lembro-me que eramos...
Será que és feliz...
Quando o cobertor não aquece
Quando o lençol não enxuga e as palavras ecoam
E por vezes se tornara assim, só, ainda que presente
Lembro-me que adormeciamos...
Será que és feliz...
Junto as páginas do livro que não se escreveu
Com a vida ainda que folheada, restará apenas o branco, só
Não há mais palavras, transcrito ficará apenas o silenciar
Como se as folhas se conchegassem, restara a brandura do sofrer
Será que és feliz...
Ao despertar e esquecer do que fora um “acaso”
E por vezes ao sorrir será que hoje amas mais do podias
Ainda sentis alguma coisa e por isso precisas rir um pouco mais
Para que não te seja tristeza, nesta candura que por vezes naufragou
Te esqueceu.
Será que és feliz...
Que os dias se tornaram mais amenos, os raios ainda são infimos
Que as noites se tornaram mais longas e a lua mais bela
E que o encanto se tornara maior, sôfrego
Que o amor se esvaiu dos olhos
Agora que a distancia que nos separa
É maior do que o espaço que nos aparta
Lembro que por vezes, Meus Deus...
Eramos felizes ou talvez, apenas eu fui-te.
Nós eramos:
Eu, minh’alma, meu olhar, meu sorrir, meus poemas, minhas palavras, meu ser, eramos...
"Morremos gestantes da ansiedade que nada espera."