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O Morcego Fred

 
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Era uma vez um morcego pequeno, pardo e com olhos grandes, orelhas pequenas, focinho e língua compridos. O nome era Fred, vivia, com as suas quatro fêmeas, num tronco oco de uma velha árvore. Todos os dias, ao entardecer, saía do seu esconderijo em busca de comida. Debaixo de um céu estrelado, voava, saltava, à procura de flores, que desabrochavam durante a noite, e de insetos. Ao longe, avistou uma sombra e, com os dentes afiados, aterrou no lombo de um pequeno animal. - Sai do meu lombo. Disse o bezerro a berrar sem parar. - O que tens, porque choras? Perguntou o morcego carinhoso. -A minha mãe esqueceu-se de mim. - Disse o pequeno bezerro assustado. - Eu quero a minha mãe, tenho fome e não sei o caminho da quinta. Quem és tu? - Perguntou o pequeno bezerro. O bezerro era conhecido por Malhadinho, pelas suas inúmeras manchas, olhou para aquele mamífero voador, repelente e de dentes afiados, e arrepiou-se. -Tímido, Fred disse. – Não tenhas medo, apesar da má fama que temos, sou uma criatura boa e inofensiva, só mordo quem me atacam. Gosto de comer insectos e flores com a minha língua comprida, uso-a também para lamber o pólen e o néctar. Está descansado, não me alimento de sangue, mas tenho primos raivosos que sugam o sangue dos animais. Mas eles vivem muito longe daqui. Podes ficar descansado. -Agora vou tratar da minha barriguinha. Já volto! Voou, voou, comendo, guloso, todos os insetos que se cruzavam com ele no ar. Depois da barriga cheia, voltou ao sítio em que o bezerro ficara. Mais calmo, o bezerro ansiava pelo regresso do seu novo amigo. - Toma, come esta maçã, é muito saborosa, disse o Fred, e deixou cair a maçã, em frente do pequeno animal. -Eu só quero leitinho! Berrava o Malhadinho. _- Ora, ora, não sejas esquisito. Come esta deliciosa maça e estas ervinhas tenrinhas que estão aqui na tua frente. Senão ficas doente. Amanhã, a tua mãe voltará para perto de ti. E o bezerro, obediente, comeu com satisfação a maçã madurinha. Todos os dias os animais eram levados para o prado muito cedo, pelo capataz, e passavam lá o dia todo. Mãe e filho eram muito próximos pela terna idade do filhote. O Malhadinho era viciado nas tetas da mãe e fazia sempre birra para comer outros alimentos. Naquele dia, a vaca Mimosa ia muito distraída, a pensar como tinha ficado impressionada por aquele boi, bonito e forte, novo no pasto, nem tinha dado conta que pequeno bezerro não caminhava ao seu lado. Bem-disposto e conversador, o morcego fez companhia ao novo amigo até ele adormecer, quando o dia começou a raiar, voltou para o seu esconderijo. A vaca Mimosa estava muito preocupada. Tinha esquecido o filho no prado e não tinha sido cuidadosa, devia ter ensinado o filhote o caminho da quinta. E o filho, por culpa dela, estava sozinho ao frio e cheio de fome. No dia seguinte, ao nascer do dia, o capataz da quinta, levou o gado de volta para o prado, a vaca Mimosa, ao ver o seu filhinho, saltou de contentamento e correu para ele. Ele, imediatamente, atacou as tetas da mãe. O pequeno bezerro todo o dia esperou, ansioso, pelo seu amigo morcego, mas ele não apareceu, será que se tinha esquecido dele. Ele não sabia que os morcegos só saiam ao entardecer do dia e à noite. Quando a mãe viu o seu filhote tão triste, perguntou-lhe o que se passava. Ele contou à mãe que, graças ao morcego, tinha sobrevivido aquela noite no prado. Ao fim da tarde, a vaca Mimosa escondeu-se com o seu filho, enquanto o capataz reunia os outros animais. Mãe e filho ficariam à espera do morcego. Queria agradecer ao pequeno voador o ter tomado conta do Malhadinho. Fred, bem penteado e arrumado, voltou ao local onde tinha encontrado o bezerro, e qual não foi o seu espanto e alegria ao reencontrar o pequeno Malhadinho, desta vez com a mãe. Mimosa agradeceu ao morcego por ter cuidado do seu filhote e ensinou-lhe o caminho do estábulo para o ir visitar sempre que quisesse. O morcego, para ficar mais perto do Malhadinho, mudou-se com as suas fêmeas para a quinta, encontrou um lar num celeiro velho e vazio. Empoleirado, com a cabeça para baixo e sempre atento, os dois amigos passavam horas conversar e a brincar. Os outros animais ficavam sempre inquietos com a presença do Fred, mas a vaca Mimosa e o filho defendiam o amigo, dizendo que ele era bonzinho, inofensivo e um grande controlador de insetos e ainda ajudava a eliminar os ratos. Malhadinho, sempre atento ao que se passava ao seu redor, avisava o amigo quando sabia que iria haver perigo para ele e sua família: os trabalhadores usavam pesticidas nas plantações e ele não queria que o Fred morresse nem a sua família. Com o tempo, a quinta ficou mais bonita cheia de flores polinizadas pelos novos inquilinos. Fred foi aceite por todos. Malhadinho rebola divertido e feliz, o seu amigo era maravilhoso, inteligente e muito útil à quinta. O capataz habituou-se a ver os morcegos pela quinta e mudou a opinião sobre eles. São animais feios, mas muito valiosos.


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Autor
Isa
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