Visualizo meu lago interior, ele está quieto, sentada tranqüilamente a beira deste lago vou observando os pássaros sobrevoando, cantando sobre o meu céu. Penso no silêncio obtido, poderia ser uma orquestra aqui dentro, mas os pássaros sobrevoam não fazendo seus ninhos, simplesmente imigram até as terras do amor, deixando-me assim, cristalina, somente algumas carpas douradas nadam, levando oxigênio às minhas águas, e quando a chuva despreende-se do véu da noite, inunda meu ser, fazendo da vida que eu poderia ter sentimentos em estradas longínqüas.As estrelas vibram cintilando, tentando animar a lua pregada no bréu com taxinhas de esperanças.Sou um lago interior com desejos de tornar-me um mar de emoções, tendo um único barco, um barco que não fosse de papel, para navegá-lo...
Agora vou fundo na terra, aumentando a erosão do coração, eu sei, terei que ser preenchida com entulhos de vida, até minhas águas esgotarem para darem vasão a alguma construção em série, os pássaros mal pousarão nas construções de concreto, onde a realidade funde-se em pilares sólidos de uma vida sem mentiras, sem ilusões, sem fantasias, assim sou a dama do lago gelado, nas águas insalobres me transformarei, sou uma ninfa do teu paraíso de sonhos, habitarei o concreto que será armado nos ferros de construções sólidas, sinto-me ferro retorcido, à espera do mar que em ressaca forte talvez venha me libertar...
Viagem nos sonhos e sintam na alma o que é poesia!