“Inês! Aonde estás meu amor?
volta pra mim, conquista a morte,
vem e tira-me esta grande dor,
volta por milagre ou por sorte,
vem e torna este deserto em flor,
vem acalmar esta raiva tão forte,
torna esta vida cinzenta de outra cor,
Inês? Volta, volta de novo meu amor.”
Estas foram as palavras desesperadas
que saíram da bouca de Dom Pedro I
O Rei Justiceiro de Portugal,
ao saber da morte da sua querida
Dona Inês de Castro, a aia da sua mulher
a Infanta Constança Manuel,
que era Castelhana de raça
mas uma mulher sem graça,
e que ao Príncipe não engraça,
e ele já nunca ultrapassa
a relação que acaba em desgraça
por terras de Alcobaça,
e que este poema a traça,
para que fique na tradição,
e não volte à escuridão,
para nunca mais ser lembrada,
esta história tão desastrada,
que aconteceu ao nosso rei,
há tempo que já não sei,
espero que a não exagerei,
porque a quero contar certa,
porque me deixou a bouca aberta,
quando a ouvi pela primeira vez,
e que pra sempre ficou
gravada no meu coração,
e corre pelas minhas veias,
quando ando por terras alheias,
mas nunca deixo de ter
o meu sangue Português.
Então ao poema...
No reinado de Dom Afonso o quarto,
aconteceu que por parto,
A Dona Beatriz teve um filho,
Pedro foi o nome que lhe deram
altas celebrações que fizeram,
e os pobres comeram milho.
O Príncipe então lá cresceu
e pediu a seu pai , que lhe deu
uma princesa em casamento
A infanta Constança Manuel
trouxe por coíncidência cruel
consigo a aia preferida,
Dom Pedro logo se enamorou
por ela louco ficou,
e aí se abriu a ferida.
Não querendo mais a mulher
Dom Pedro pra sempre jurou
daí só ter um amor
Dona Inês sería daí
tragicamente para si
a causa de muita dor.
O rei já velho e cansado
só queria o herdeiro casado,
para criar raíz,
formulou então um plano
e pôz o filho ausentado
para outra parte do país.
Com essa oportunidade
O rei voltou à cidade
com as suas ordens na mão,
não sei dizer se foi ciúme,
Ou se foi visto nalgum astro
Porque o rei então ordenou
a morte de Inês de Castro.
Dom Pedro que se encontrava
com o nobre que o aconcelhava
Ouviu a notícia pela Condessa,
Tinham assassinado o seu amor
e desvairado pela dor
O Príncipe perdeu a cabeça.
Revoltou-se contra o rei,
não obedeceu à lei,
e pôz as suas tropas em desfile
marchou contra seus velhos pais
não querendo saber nada mais
e entrou em guerra civil.
A guerra demorou dois anos
ambos fizeram os seus panos
até que a paz se manteu
O rei não passou deste impasse
jamais ao filho falasse
mas o poder lhe cedeu,
perante algumas testemunhas
o rei enrolou as unhas
virou-se para o céu e morreu.
Dom Pedro ao receber a herdança
Não tinha perdido a esperança
de seu velho pai se vingar
e então para primeira vingança
só à ponta de uma lança
os assassinos mandou chamar,
juntou a corte em total
desse nosso Portugal
e grande algazarra fez
depois de seus inimígos re-ver
Dom Pedro lhe quiz dizer
O que é ser rei Português.
Mandou desenterrar o corpo
da mulher que quiz amar
e sentada a seu lado
o esquelete desmembrado
a mão lhe foram beijar.
A turtura que veio a seguir
foi violenta demais
para descrever aqui
simplesmente quero dizer
que consigo compreender
porque tambem já sofri.
O homen que matou Dona Inês
sabem o que o rei lhe fez?
Se calhar não sabem não,
segurado sem se poder mexer
mas de olhos abertos a ver
arrancou-lhe o coração.
A outros lhe preparou ainda
uma morte menos linda
que até me custa a crer
cortou-os ós bocadinhos
ainda vivos coitadinhos
fritou-os e fê-los comer.
Só um é que escapou à morte
mas coitado não teve a sorte
de viver a vida sem mal
pois sabem o que o rei lhe fez?
Fê-lo ir por toda parte
declarar o corpo de Dona Inês
Raínha de Portugal.
O rei Dom Pedro, o Justo
mandou erguer a grande custo
dois túmulos no mosteiro de Alcobaça
que ainda hoje lá se encontram
os amantes infelizes
deitados, quase a tocar narizes
nunca mais perdem a graça.
A construção do monumento
foi uma forma de lamento
para o Rei que estava muribundo
aos pés dos dois está inscrito
como se o rei tivesse dito
‘Juntos até ao fim do mundo.’