Foi por acaso que Jomad’o Sado
Descobriu um dia que era um Poeta
Tinha ido até à cidade, montado na bicicleta
Ia à praça para ver o que havia lá de pescado
Parou entretanto num pequeno Café
Ali mesmo na esquina, perto do Sr. Zé
Pediu um café daqueles bem tirados
Reparou no canto na Rita e o José irritados
Aproximou-se deles para ver que se passava
Porque motivo ela dele tanto reclamava
Será que posso em algo ajudar
Disse simpático para a conversa pegar
Não disse a Rita prontamente
É assunto só com a gente
Puxou tanto a manga do José
Até que este entornou o meu café
Sentido aquele calor abrasador
Invadir-me todo com estertor
Disse logo naquele momento
Cuidado, vê lá se estás mais atento
Mas aquele calor continuou a subir
Até que estranhamente comecei a sentir
Que queria fazer versos e cantar
Talvez mesmo aprender a rimar
Olhei para eles com alegria
E disse logo uma poesia
Foi curta, brejeira mas engraçada
Fez até corar a Rita, coitada
Rita que estás agora a discutir
Parece que o José estava a pedir
Mas olha que ontem lá atrás na enseada
Pelos teus berros e guinchos, parecia festa animada
Desataram os dois a rir
Clamando “Temos poeta” e é do Sado
Acrescentei depois JO e o MAD a seguir
Porque fazem parte do nome que me foi dado
Assim ficou até hoje mesmo depois de desempregado
Sim, porque a vida de Poeta é sempre muito incerta
Pois nem sempre dá para comer, mesmo se for autor consagrado
Mas a Poesia é de certeza uma das coisas que fiz certa