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UM PRÓXIMO CONTO DE AMOR?

 
UM PRÓXIMO CONTO DE AMOR?
 
Um Próximo Conto De Amor?


Uma nova chance, para quem havia decidido não se envolver com ninguém afetivamente.
Quando quisesse alguma atenção "mais especial", sabia onde encontrar "acompanhantes"...
E tudo se resumiria a isso: Pagar sem envolvimentos.

Entretanto, havia acontecido algo no meio do caminho, que mudaria seus pensamentos quanto ao coração:
"Aquele" encontro...
Numa estação de trem, ele estava a espera do "noturno" para casa.
Era o início dos anos 70...

********************

Pietro havia saído de sua loja de produtos (gastronômicos) italianos, pois o horário de trabalho havia acabado finalmente. Mesmo sendo o dono, ficava sempre até o final da noite: Não deixando a cargo de seu gerente, o fechamento de caixa. Ele fazia isso.

Fechou a porta e dirigiu-se para o café francês que ele (rigorosamente) toda noite passava...
Pediu um capuccino, comeu umas rosquinhas de chocolate com nata, pagou e foi embora, rumo à estação ferroviária.
Apesar de ter carro, ele o deixava na garagem de casa praticamente a semana inteira.
Gostava de usá-lo apenas nos finais de semana, quando se poupava da loja e deixava o gerente cuidando de tudo, para que folgasse.

Além disso, a viagem de trem até a pacata cidadezinha onde morava, era em si, um prazer para todos os dias da semana: Lindas paisagens iam se moldando, como quadros pintados e ao mesmo tempo, se desfazendo pela rapidez de passar pelos lugares...
Os trens europeus eram melhores que os de qualquer outro continente, ele tinha certeza disso!

Acendeu um cigarro, sabendo que seus pulmões já não eram os mesmos, devido aos dez anos como fumante. A tosse era constante durante o dia. Deu uma tragada e emitiu bolinhas no ar, feitas com a fumaça expelida. Riu-se. Ele sabia que estava sendo masoquista. Aquilo era autodestruição...

*******************

Núbia estava atrasada naquela noite: Sempre chegava à estação, bem antes do trem.
Entretanto, ao consultar seu relógio de pulso, viu que estava em cima da hora do embarque!
Correu e seu chapéu caiu. Não se deu conta.

Pietro estava recostado à uma parede, onde se via em uma cortiça enquadrada, os papéis com horários das idas e chegadas de cada itinerário dos trens, quando Núbia passou na sua correria para a plataforma de embarque. Pegou o chapéu caído e gritou:
_ Moça, seu chapéu caiu! Aqui está, tome!

Ela se virou, e ele já vinha ao seu encontro com o chapéu numa mão e o cigarro na outra.
_ Oh, obrigada. Estou correndo porque meu trem já vai sair!

Dizendo isso, já ia (desta vez andando) apressadamente, para a plataforma de embarque.
Não houve tempo de Pietro dizer qualquer outra coisa.

Instintivamente, ele a seguiu sem que percebesse. Para sua surpresa, ela iria pegar justamente o mesmo "noturno" que ele!.
Núbia entrou finalmente no trem e depois dela, mais quatro pessoas, até que Pietro subiu também...
Ele então sentou ao lado de Núbia, dizendo:
_ Ah, mas que coincidência, pegarmos o mesmo trem, hein?
_ Sim, é verdade. Graças à você, tenho aqui comigo, o chapéu!

Pietro deu um leve sorriso de lado, (que era o seu "charme pessoal") e disse:
_ Meu nome é Pietro. E o seu?
_ Sou Núbia Santoro.
Apertando as mãos, e retomaram a conversa animadamente. Falaram dos mais variados assuntos, até que Núbia anunciou:
_ Foi realmente bom conhecer você. Mas está chegando a minha estação: é a próxima! Então até qualquer hora dessas, se nos esbarramos por aí, quem sabe...
_ Bem, que há de se fazer? Estava gostando tanto dessa nossa conversa, mas se tem que ir... Olhe, aqui está meu cartão. Quando quiser comprar uma boa massa italiana, vá até a minha loja. Poderemos conversar mais.
Ela segurou o cartão agradecendo, e sorriu muito espontaneamente dizendo:
_ Obrigada, lembrarei disso.

Núbia saiu do trem e ele acenou olhando-a pela janela. Ela respondeu ao aceno, com um mover de lábios, que dizia: "Até logo..."
"Sim", ele pensou: "Está aí uma mulher interessante!"

Depois que o trem saiu novamente da estação, ele relembrou cada diálogo que tiveram durante aqueles trinta minutos que passaram juntos.
Quando percebeu, estava exatamente na estação que tinha que descer.
Jogou seu chapéu para o alto e sorriu sozinho, daquele jeito que deixaria qualquer mulher suspirando...
Pela primeira vez, em dois anos e meio, estava interessado novamente em alguém...

(Continua)

Fátima Abreu
 
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