De peito rasgado
tirou a camisa,
ofereceu-a ao filho,
do bolso um naco de pão,
partilhou-o com os pombos,
fechou os olhos,
partilhou-os com os mortos,
não teve flores
os amores que deixou
de nada lhe valeram,
a bala atravessou-lhe o coração
perdera-os a todos,
era tarde chovia,
era sempre noite naquele Maio de Outono
e o homem de peito rasgado morria.
Conceição Bernardino