Octaviozinho Aparecido fez-se ao mar
Onde vou eu agora buscar meu pai?
Duas horas depois de se perguntar
O seu mundo acabou sem um ai
Roque Moreira era um moço assim vadio
Daqueles que adormecem sempre na estação
Tinha a manta para frio e no estio
Tantas crestas vermelhas em sua mão
Lídia Campos fazia suas compras
Numa loja escondida para lá da esquina
E seus olhos ao fitarem certas sombras
Tinham medos que trouxera de menina
Filipa Rocha rondava só pela rua
Com seu cigarro colado aos lábios
Pela noite, sim, maneava toda nua
Um mistério feito pó dos alfarrábios
Macário Veloso era um nome comercial
Tinha placa sua ao pé de grande praça
E quem o via respeitável de jornal
Não sabia que do vinho vinha desgraça
Elisa Barrela tinha um táxi de viúva
E sempre que sorria amarela ao freguês
Soltava as histórias conhecidas pela chuva
E cambiava as largas divisas ao inglês
Kiko Kardec era assim como explico
Um tipo gingão de calça para o vermelho
Fazia diretas e pensava que o fanico
Batia à porta só do tipo torto e velho
Rosa Gouveia era bombeira em Viseu
Era bolseira, era bibliotecária na faculdade
Ligava para o pai de um filho que era seu
“Largo error” espanhol da mocidade
Abílio Nabo fora gozado em menino
Que pelo nome não o amaram no início
Mas a contabilidade e um rosto bem suíno
Fizeram dele um respeitável do ofício