Desejei escrever um poema para outubro. Não o fiz, porque ares de setembro estavam em meus dedos quem cismavam em recolher do chão úmido, uma pálida flor. Sigo a passos lentos pela rua, com meu guarda-chuva transparente e meus sapatos engraxados, para romper a tarde.
Tenho os olhos abertos e mãos enormes, para colher uma estrela cadente. Quero apagar as marcas dos beijos prometidos no mês passado e sentir o calor dos abraços parados no tempo. Minha alma engole ventos e necessita de afago para continuar a jornada.
Salve, outubro. Quem sabe depois de amanhã teremos um bom poema para guardar nas páginas de um livro? - Tenho comigo uma certeza: outubro renova os sonhos e abastece mil cestos de flores e frutos.
Poemas em ondas deslizam nas águas.