Adejam, frias, as gotas desta chuva de Outono,
Encharcam os meus pensamentos,
Dos momentos de amor do estio que se foi,
Cada pingo, encerra em si, um segredo,
Que se desvendará no chão que a acolhe,
Da miríade de gotas, simples e solitárias,
Nascerá um rio calmo, de muitos segredos
Que mergulharão no mar,
Onde navegam anseios e sonhos por realizar!
E tantas gotas, lágrimas de cristal
Que caem como pranto de saudade
Desta chuva teimosa,
Trazem a nostalgia
Das tardes quentes, suadas
Na paixão exacerbada pelo amor,
Que se refrescava do seu fulgor
Nas areias molhadas, onde as ondas
Beijavam os corpos escaldantes,
Acariciados pela alva espuma!
E a chuva cai, insistente
Alheia ao meu pensamento saudoso
Dos prazeres oferecidos
Pelo tempo que se ausentou
Chorado neste Outono que chegou.
José Carlos Moutinho