Coisas da vida.
Observando o tempo passar.
Olhar com olhos de um voyeur às horas caminhar
Seduzir-se com o rodopio das hélices do ventilador
Perder-se no imaginar de uma visão de passado
Presente e futuro misturados em vibração não vibrante.
Observando apenas, cada instante
Sensibilizado com uma leve convergência do vento
Estruturado, sem estrutura, vagante.
Rodopiando, como as hélices do ventilador.
Parado com o vento lá fora.
Olhos parados neste momento de partida.
Não verei o chão.
Nariz erguido, fingindo, um ar de circunspecção
Numa alucinação de que tudo é diferente
E que você, simplesmente, não mudou.
É olhar para um espelho e observar um fedelho
De barbas grisalhas, cabelos ralos.
E aparelho ortodôntico.
O tato deixa de ser fato
O olfato busca fragrâncias que não existem
A visão já é cega como a alma que não sente
O paladar não tem mais sabores, só dissabores
A audição não ouve sua voz, só a minha.
Sozinha.
Uma piscadela, um sorriso, uma careta
Desfeita, num sorriso tristonho
Assim, viro o espelho para parede.
E você pare de me inquirir.
Eu simplesmente não sinto.
Oh ego Laevus!