Poemas : 

A lenda da feiticeira

 
 
No tempo de reis e fanfarras
Em tempos que já lá vão
Vivía uma velhota sózinha
Cuja honra estava em questão.
Dizíam que era feiticeira
Mas ela sempre se negava
Ás vezes quando estava só
A coitadinha chorava.
“Porque é que me chamão bruxa
Se eu nunca fiz mal a niguem,
Será que é porque eu vivo só?
Então tenho que viver com alguem.”
As estações foram passando
Outono tornou-se em inverno
E os insultos dos camponeses
Faziam-lhe a vida num inferno.
Um dia chegou um cavaleiro
Que vinha ferido da batalha
Era filho de um nobre local
E vía-se que a morte não falha.
Desvairado e desesperado
O pai levou o seu filho á velhota
Sempre pensando que ela
Só lhe ía fechar a porta.
Pois o nobre tinha sido dos pióres
Críticos da velhota pobre
Pois ele achava que tal bruxa não devia
De morar tão perto de um nobre.
Mas o amor pelo filho era tanto
Que ele resolveu tentar tudo possível
Para lhe salvar a vida
E baixou-se ao mesmo nível
Da velhota que já estava
A esperá-lo ás portas
Encostada a uma bengala
Com as costas todas tortas.
“ Ó velha bruxa disseram-me
Que tu tinhas mesinhas santas
Que podem ajudar meu querido filho
Cujas feridas e dores são tantas.”
A velhota ergeu-se e sorriu
Ao ouvir o suplicante
Pensou ainda em ir-se embora
Mas falou-lhe assim nesse instante:
“Com esta tarefa que me deu
Eu vou tentar meu senhor
A ajudar este filho seu
Para que ele fique melhor.”
O nobre que só tinha pensado
Que a velha o iría insultar
Beijou a mão da velhinha
E silencioso começou a chorar.
“Se tu fizeres isto por mim
Senhora eu te prometo
Que se alguem mais te insultar
Sou eu mesmo quem o espéto.”
A velha fez o que tinha prometido
E salvou a vida ao cavaleiro
Cujo pai ficou tão feliz
Que lhe deu todo o seu dinheiro.
Os anos passaram rápidos
E da velha não se ouviu mais
E o cavaleiro herdou tudo
Que tinha sido dos seus pais.
Um dia um nobre rival
Que queria as suas terras
E que tinha mais dinheiro
Começou com novas guerras.
Quando tudo parecia perdido
E o usurpador para ganhar
Os soldados do cavaleiro
Começaram a multiplicar.
De um momento para o outro
Naquele campo de sangue e de morte
Milagrosamente ele ficou com numeros muito superiores
Assim lhe mudou a sorte.
Depois da batalha acabar
E o inimígo ter sido vencido
É que o cavaleiro percebeu
O que tinha acontecido.
A velhinha já no céu
Mas com uma dívida ainda pra pagar
Mandou o dinheiro que o pai lhe deu
Pra armas e soldados comprar.
Dom Sancho I então mandou erguir
Um mosteiro em Alcobaça
Em honra de seu pai Afonso Henriques
E ainda da velhinha Graça.

Este poema é ficção. Apesar de Dom Sancho I ter completado a construção do mosteiro de Alcobaça, não foi ele quem o mandou construír. Essa honra coube a seu pai, e primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques. E a velhinha Graça, essa infelizmente é apenas um produto da minha imaginação. Francisco Letras

agora só cá faltava essa parva
 
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Franknbea
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