Praia de Esposende
Passaram anos velozes
que me fizeram esquecer
rostos e nomes... as vozes
não mudaram no dizer...
Dos grupos chegam a mim dizer
conversas e gargalhadas...
A mesma alegria... (enfim!)
de pessoas animadas.
Só eu fico no remorso
das coisas abandonadas
São horas feitas descanso
gritos de pedras lançadas...
Não vou dizer que estou morta
ou que esqueci o passado.
Mas quem bate à minha porta
só tem silêncio gelado.
Quanto mais tempo vai ser
este tempo sem medida?
Quem sabe do meu viver
deste viver sem ter vida?
Olho na palma da mão...
Só vejo linhas cruzadas...
este pobre coração
vai ver mais encruzilhadas?
Nos sonhos e no viver
procuro o lado da arte...
Mas quando tem que escolher,
só recebe a pior parte...
Por isso pergunto à vida,
se na força do viver,
eu só posso ter saída
se for capaz de escrever...
Maria Helena Amaro
Agosto, 1987
http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2 ... 9/praia-de-esposende.html
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