(Jádison Coelho)
Estou a falar de amor, e
não estranhe tal estranheza a minha.
Não estranho a tal estranheza sua, por hora.
Se num dia estou a falar de amor
é por que vai ele muito mal.
Estou a falar de amor como um colar de pedras
desfeito num sopro quente, dissolvendo
a linha que sustenta pedras em si.
Meu amor não entra pelas portas do fundo,
mas pelas beiradas do telhado rachado,
num ping
pong das gotas da chuva
reunida num balde razo,
pra não molhar toda
a casa e não nos inun........dar de tamanha estranheza.
Eis aqui a triste certeza
dos lamentos árcades da vida que não permitiu
que fossemos aqui como colar de pedras,
só apenas pedras
espalhadas por dissolvida linha de sustento
em nossos colos.
Estou a falar de amor pelas notas de um rock sonolento.
Ser o abandono dos abandonados
é o meu triunfo mal acreditado de
um dia meu amor inda ir bem,
e não tão mal como ness'hora,
que dispenso eu da danação e penso não amar nunca mais.
Estou a falar de amor, Anjos,
Anjos, Anjos me perdoe o impiedoso rancar das cutículas
na cantiga de ninar que me tirou o sono.
Destrona do destrono e venha, o Amor, maldizer-me!
Ingratidão a sua, viu, o Amor. Ingratidão!
Logo eu, que sempre te fiz o favor de deixar-te em paz.
Veja só o castelo de baralhos que montei,
está desfeito por um relapso
de atenção nas vértices do mal.
Ainda sim, indedetizável nas pregas de um amor,
estou eu mal servido, Anjos.
Anjos, não quero ser seu amigo,
Anjos, nem teu filho quero ser, ó mô pai.
O senhor é muito mais pra ser apenas amor!
Olhe-me melhor no íntimo dos versos.
Permita-me tal incesto se estou eu a falar da gente.