"... Volátil nevoa crenelada olhos centenários vem nublar,
trazer o aroma salobre que a rocha respira cantando..."
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o embate do rochedo contra o mar
Impávida rocha, puro basalto açoitado pelo vento,
inclina-se sobre o abismo a beijar as ondas do mar.
Ninho de altaneiras fragatas, procura nas águas,
as cristas das ondas salpicadas da neblina sublimada.
Rochedo à beira do mar não teme o bater das ondas,
a duros golpes em seu peito sob barulho ensurdecedor.
Enfrenta-as como guerreiro, não vão tenta captura-las,
nem foge para a falésia, sequer o pico mais alto escala.
Volátil nevoa crenelada olhos centenários vem nublar,
trazer o aroma salobre que a rocha respira cantando.
Audaz rochedo não tem medo da persistência das ondas
a golpearem infindavelmente, destrutivo e teimoso afã.
Dia virá quando vencida roca pelo tempo sem desistir da luta,
teimosia e persistência das ondas vencem a última batalha.
A tempestade é forte, escorre pelos ombros da falésia,
e afinal, quebra-se a penedia diante da pélaga aleivosia.
No fundo, fragmenta-se em areia caída do penhasco,
mesclada de conchas nacaradas, adornando o fundo do mar.
Não descansava o penedal, sempre pronta para o embate,
finalmente aniquilada, cai a rocha desfeita, ferida fatal.
O sol levanta-se na abóboda azul, raios iluminando o mundo,
refletindo na superfície de espelho líquido agora calma.
Tudo consumado, queda-se o oceano somente a marulhar,
finda a cruel frágua da pedra, descansa do embate mortal.
Percebendo a rocha quebrada rejubila-se em glória o mar,
manso azul numa manhã qualquer antes do fim do universo.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."