Poemas : 

À Ophélia de Shakespeare

 
Está morta Ophélia
em ataúde fechado - matou-se!
Seus olhos selados, longínquos,
rasos d'água dois pássaros caídos
vindos do passado.
Suas mãos em flôr dois barcos sem amarras,
sem côr.
O crepúsculo seu corpo inteiro, imóvel,
parado...
Ophélia matou-se! Matou-se!
E de braços em Cruz sobre o peito,
segue Ophélia pela morte, sem jeito,
como segue um romeiro ...
E aonde irá?!...
Qual será seu mote?!
Lívida a face.
Leva nos olhos a morte!
Dois pássaros caídos dum céu aberto.
Um céu que é longe mas que já foi perto.
Ophélia matou-se! Matou-se!
E com estrelas repousando no regaço,
botões de esperança a cada passo,
procura ainda sem descanso,
jaz morta arrefecida, no abraço do rio,
p'la face do seu amado ...


Ricardo Louro
na Quinta das Vidigueiras
em Reguengos de Monsaraz


Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
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Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 30/09/2013 19:57  Atualizado: 30/09/2013 19:57
Usuário desde: 03/09/2012
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 Re: À Ophélia de Shakespeare
Poeta
Amor sem fim, ao extremo! Leitura tocante! Adorei!
Janna