Vou gritar
E empilhar e arrumar
Tudo nesse quadrado.
Vou tentar burlar
Esses cantos que amontoam poeira
Passada. Ardida.
Que só faz queimar.
Daí vou dobrar
Todos os lençóis e panos
Todos os meus desenganos
Que me aqueceram, que me deram espaço
E quiseram me abrigar.
Vou segurar nas arestas desse cubo
Balançando, olhando pra baixo
E vou rir do perigo que é cair.
Mas não vou deixar.
Vou ter porta, vou ser janela
Vou limpar, vou dobrar.
Vou abrir minha mente.
Espanar esses meus medos.
Vou plantar uma semente
E fazer meu peito selar.
Ser lar, finalmente.