Êmese na VAN
(Mauro Leal)
Domingo de verão, abordo num transporte alternativo,
trajeto Rio de Janeiro x Cabo Frio,
uma senhorinha, empalidecida, em sudorese fria
nauseando no canto, padecia,
fazendo das tripas coração pra no "piratão" não botar pelo "ladrão",
mas com o continuar da lata velha a chacoalhar,
agravou o mal-estar e ficou inevitável a indisposição suportar,
e por cima dos passageiros que estavam a cochilar,
o big sanduba em refluxo começou a transbordar
sonorizado na onomatopéia "hugo, hugo, hugo, raul, raul, raul",
macabro urrar.
A regurgitante constrangida se contorcia e insistia em se justificar:
- ficou impossível a cinetose furiosa controlar!
O condutor com gesto censurador e cara de poucos amigo, não gostou
e expressou: porque a patroa não falou?
- Desculpe meu senhor,
me esforcei na tentativa de os "bofes" pra fora não botar,
prendi o máximo que pude pra não empestear.
Até um passageiro, Fuzileiro Naval, sensibilizado, ficou a consolar:
- marear! isto acontece com os nossos bravos guerreiros marinheiros nos velhos navios pelos oceanos bravios.
Por pouco em unanimidade seria a solidariedade
se não fosse um menino espevitado, aloprado,
com olfato aguçado
e em humor negro não tivesse gracejado:
"- Por isso que eu senti um cheiro e era de “mortandela", daquelas...