Eu hoje sou um homem perseguido
por números aos pares ou capicuas
que tentam enervar-me com as suas
perversas brincadeiras sem sentido.
Mas eu não dou a isso algum valor,
não cedo a qualquer superstição,
quer venham do relógio do fogão,
quer cintilem no meu despertador.
As horas 12 e 12 ou 10 e 10,
ou 12 e 21, são mero acaso,
não sendo nem magia, nem ciência.
São números dum puzzle, dum xadrez,
que não tem solução. Em todo ao caso
no fim é tudo só coincidência.